Yves Leloup em seu livro "Cuidar do Ser", tece comentários a respeito das doenças da alma, e diz; que são doenças difíceis de serem curadas.
O Terapeuta a escuta do Ser, tem um escuta atenta ao Campo do Ser.
O que percebo disso?
O Campo do Colégio do CIT, é sutil e tem uma qualidade muito especial. Permite sustentar uma linhagem de uma tradição que vem da época de Filon de Alexandria, dos antigos terapeutas do deserto. Possui uma Holopraxis essencial, concebe o Ser Humano em sua Multidimensionalidade.
Podemos perceber nesses encontros dos terapeutas do CIT, a diferença entre os desejos que vem do Ego, e os desejos que vem da Alma.
Os desejos que vem do ego, são orientados de uma forma, são egoístas. O que quer que a pessoa faça, está vinculado ao desejo de satisfazer o seu Ego em primeiro lugar. Os desejos que vem da alma, são orientados de outra forma, existe um sentido além de si mesmo, inclui o outro, e o bem de todos.
Podemos refletir sobre isso com diversos olhares e percepções. A minha percepção e que o Ego quando é tocado pela alma, torna-se mais humilde. O ego desprovido do sentido da alma, expressa arrogância, vaidade, presunção e é provido por desejos e paixões que trazem dor e sofrimento.
Aquilo Yves Leloup chama de "doenças da alma". Essas são défices de serem curadas para pessoas que veem o mundo a partir da visão materialista e do Ego.
As pessoas sintonizadas com seu Ser, possuem mais instrumentos para vencer a identificação egoica, que gera dor, sofrimento e os desejos frustados de ego, que levam ao ódio e a vingança.
As vezes sofremos perdas que doem na alma, isto pode significar que o Ego não permitiu que a alma realizasse a inspiração do Ser.
Apego ao prazer, segundo Yves Leloup é uma doença da alma. A desorientação do desejo, a tristeza, as fobias, invejas, cobiças, a não aceitação, e tantas outras, produzem as mais diversas patologias do mundo moderno.
O que percebo, que a principio, qualquer um de nós, mesmo os que passaram por uma iniciação nos "Saberes da Alma", sofre de uma maneira muito semelhante aos que não fizeram nada nesse campo de conhecimento iniciático.
O que difere?
As vezes contamos com o suporte amigo e terapêutico de um grupo, o que ajuda bastante, no entendimento e na desidentificação egoica. O Campo do CIT, tem essa finalidade de despertar terapeutas e sustentar esse Campo de escuta do Ser.
É preciso estar em sintonia com esse campo de saber, para poder expandir sua consciência e perceber os mais diversos estados de consciência das quais estamos imersos. Existem outros campos, porém, nesse momento estou partilhando a experiencia do CIT, como uma das inúmeras possibilidades de despertar o Ser.
Com uma pouco de Presença, de silêncio, de interiorização e meditação, conseguimos des-identificar o Ego de suas paixões. Isto é, reorientar o desejo.
A experiencia do prazer bem conduzida, conectada com o amor e a alma, permite uma profunda realização.
Quando o prazer está vinculado a satisfação do desejo, a paixão, e as sensações do corpo, a experiência de realização é permeada por dor e sofrimento. A entidade humana sente um vazio e uma desorientação interna.
Yves Leloup, diz que, não podemos fazer durar, algo que não foi feito para durar. O instante do prazer, do encontro, da satisfação é um instante único. Ele não foi feito para durar.
Tentamos capturar as emoções vividas e re-lembrá-las. Tentamos sem sucesso permanecer algo que não pode ser mais. E jamais será. Pois todo o instante é novo. Absolutamente novo. Ficamos apegado ao tempo que passou, e não conseguimos estar no instante presente. Ficamos escravos dos sentidos.
A liberdade é possível, quando vivenciamos a experiencia do prazer, desapegamos, e podemos estar inteiros em outros momentos. E abertos a novas experiencias que serão absolutamente novas. Isso é a saúde plena do individuo auto-realizado.
Os vínculos são construídos, com a ética profunda do Ser, com a qualidade da alma, do ser e do amor.
Buscar o prazer por puro prazer também é fonte de sofrimento.
Liberdade é algo que conquistamos quando dominamos nossos desejos.
Para Filon, o grande terapeuta é aquele que dominou o mundo das paixões e dos atrativos desordenados do prazer.
Eis a grande tarefa. Não só para o Terapeuta, aquele que cuida e procura despertar o "Ser" no outro, como qualquer pessoa que queira vencer a si mesmo, dominando seus desejos e paixões desgovernadas.
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