O mel além do alimento
Confira sete curiosidades sobre essa delícia com propriedades terapêuticas
O mel é um dos alimentos mais antigos conhecidos pela humanidade, há registros de seu consumo pelo matemático grego Pitágoras, no ano de 585 a.C. O Brasil é o 9º maior exportador mundial do alimento.
O mel é também uma das substâncias fitoterápicas mais estudadas no mundo, e um produto extremamente rico em propriedades medicinais. Suas funções mais conhecidas são a ação anti-inflamatória, imunomoduladora (auxilia a regular o sistema imunológico) e mucolítica – dissolve o muco nas vias respiratórias, ajudando na expectoração.
"Além de ser um saboroso alimento, tem propriedades anti-sépticas, cicatrizantes e também revigorantes. Os seus minerais são assimilados facilmente e contribuem para a manutenção do esqueleto – com o cálcio – e para a regeneração do sangue – com o ferro", afirma o nutrólogo Maximo Asinelli.
Segundo Maximo, além de açúcares, como a glicose e a frutose, o mel é composto por vitaminas do complexo B, C, D e E, minerais – cálcio, cobre, ferro, magnésio, fósforo e potássio, entre outros – e um teor considerável de antioxidantes (flavonóides e fenólicos). Confira algumas curiosidades sobre o mel:
Antiséptico poderoso
Durante a fabricação do mel, as abelhas adicionam uma enzima chamada glicose-oxidase, garantindo que pequenas quantidades de peróxido de hidrogênio (potente antiséptico) se formem constantemente no açúcar do alimento. Desta forma, o mel age como uma espécie de desinfetante, inibindo a inflamação e favorecendo a reconstrução de um novo tecido no local.
Contra prisão de ventre
Quem tem intestino preguiçoso pode apostar nesse alimento para dar uma ajudinha ao organismo. O mel contém fibras solúveis, que aumentam o movimento involuntário do intestino, funcionando como regulador desse órgão e facilitador da digestão.
Garantia de hidratação
Há 50 anos, não era incomum mulheres cuidarem da beleza com produtos caseiros. O mel, por ter uma forte propriedade hidratante e cicatrizante, estava entre os preferidos. Hoje ele ainda é um grande aliado da beleza, seja em máscaras feitas em casa ou como elemento principal de cosméticos. Segundo o professor de cosmetologia Maurício Pupo, o mel tem uma grande capacidade de combater o ressecamento da camada superior da pele e tem ação prolongada.
"É um cosmético completo. A hidratação é tão intensa que chega a melhorar a aparência das rugas, e as enzimas contidas fazem dele um poderoso antioxidante, que ajuda na redução da degradação do colágeno da pele", afirma. Encontrado em mercados e farmácias, o mel é fácil de comprar e ótimo para fazer uma máscara caseira, uma vez por semana.
Segue a receita básica: depois de esfoliar a pele levemente com um sabonete, aplicar uma camada de mel puro no rosto e deixar agir por uma hora. Depois desse período, retirar o produto. A hidratação é imediata.
Contra-indicado para menores de um ano
Em busca de uma forma mais natural para adoçar sucos e chás, mães optam pelo mel, sem saber que o consumo do produto é contra-indicado para bebês que ainda não completaram um ano. A recomendação é da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Pesquisa realizada pela nutricionista Maysa Helena de Aguiar Toloni, mestre em ciências pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com quase 300 pais constatou que 73% deles ofereceram mel a seus filhos nessa fase.
O perigo está nos microorganismos que podem estar presentes nesse alimento. "Antes do primeiro ano de vida, o sistema imunológico da criança não está maduro o suficiente", diz a nutricionista. Ela alerta também que incluir sabores doces nessa idade levaria a criança a desenvolver hábitos alimentares incorretos, podendo levar à obesidade e ao diabetes.
"Não há a necessidade de adoçar os alimentos das crianças. Recomenda-se evitar o açúcar ao máximo, já que sua inserção na dieta dos pequenos pode antecipar o abandono do leite materno, o desenvolvimento da cárie e de outras doenças, como a hipertensão", afirma.
Grávidas e lactantes também devem evitar o consumo da substância, já que os microorganismos causadores podem passar de mãe para filho através do cordão umbilical ou da amamentação.
Contra infecções hospitalares e de pele
Um tipo específico de mel, chamado Manuka, produzido na Nova Zelândia, contém uma substância tóxica para bactérias, o que o torna eficiente no combate a infecções hospitalares e de pele. O estudo foi conduzido pelo professor e pesquisador Dee Carter, da Faculdade de Ciências da Universidade de Sidney, na Austrália. De acordo com os pesquisadores, essa variedade de mel contém metilglioxal, substância especificamente venenosa para a bactéria estafilococcus aureus oxacilino resistente (MRSA), que é resistente a antibióticos. A ideia é que essa variedade possa substituir produtos antibacterianos na esterilização, no tratamento de cortes, picadas de insetos e outros problemas relativos à pele.
Proibido pra diabéticos
Apesar de ser mais natural, o mel é tão prejudicial à saúde do diabético quanto o açúcar convencional. Ele tem altas quantidades de carboidrato, em torno de 12g para cada colher de sopa. "É a mesma quantidade de uma fruta, só que na fruta a absorção é mais lenta, por conta das fibras", afirma Denise Duarte Iezzi, endocrinologista do Hospital Sírio-Libanês. "A substituição do açúcar pelo mel tem um benefício questionável, ambos são carboidratos de cadeia longa, rapidamente absorvidos", diz.
Mania nos telhados franceses
Há duas semanas, o Cité de L´architecture et du Patrimoine instalou uma colméia em seu terraço, seguindo os passos do Museu do Grand Palais, que já abriga 60 mil abelhas. O objetivo, assim como o museu pioneiro nesta ação, é colher o mel e vendê-lo ou doá-lo a mantenedores do local. No Cité, a produção deve ficar em torno de 30 quilos por ano, já que a colmeia é pequena. No Museu do Grand Palais a produção está em torno de 50 quilos.
Além de promover a polinização e conseqüente diversificação da flora local, especialistas franceses têm considerado o mel proveniente dos telhados de Paris mais saboroso e com menos impurezas. O motivo estaria na ausência de pesticidas nas flores das cidades, diferente das flores dos campos.
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