
Conta a lenda que a Corsa estava passeando em suas pradarias quando ouviu um chamado.
Era o Grande Espírito soprando em seus ouvidos, para que ela fosse encontrá-lo no topo da Montanha.
E a Corsa, tão gentil, tão carinhosa, tão meiga, começou de imediato a sua Jornada rumo à morada do Grande Espírito.
Mal sabia, que ao subir a montanha, encontraria um terrível mostro, horrível, dantesco, grotesco, a mais temível e horripilante criatura.
Esse Demônio tinha a missão de impedir as pessoas e qualquer criatura de chegar ao Grande Espírito.
O Demônio era temível e assustador com seus rugidos e gestos enlouquecedores e gritos que assustavam a mais forte criatura e a faziam fugir de medo, com isso, ele se sentia cada vez mais forte e poderoso. Quase que imbatível. Todas as criaturas temiam e fugiam sem sequer ter coragem de falar sobre o assunto com quem quer que seja.
Porém, pasmem... A Corsa gentil e amorosa, não sentiu nenhum medo, apesar do Grande Demônio começar atemorizá-la, cuspindo fogo e fumaça negra, com gestos enlouquecidos, sobre a pobre Corsa, e com tantos gritos assustadores que assombravam toda a região.
Qualquer criatura da face da terra iria sair correndo e morreria de susto e de medo ao deparar-se com aquele temível demônio.
A Corsa Gentil e Amorosa, com seu olhar terno e cheio de compaixão, fitou o Demônio nos olhos e com tranqüilidade, respeito, amor e compaixão, simplesmente disse:
- Por favor, deixe-me passar, estou indo ver o Grande Espírito.
O Demônio, não acreditou...
...não acreditou no que estava vendo e de tão perplexo que ficou, fitou-a novamente.
E isso, simplesmente foi desmontando o temível demônio, ele ficou até meio sem graça, desconcertado e enquanto cedia internamente, o seu coração de pedra, começava a amolecer, e aquele olhar amoroso foi penetrando gentilmente no coração endurecido e foi dissolvendo, dissolvendo, dissolvendo, desmanchando-se em fio d’agua, formando um lago, que foi descendo pelas entranhas da montanha, purificando-se no meio do caminho e chegando as pradarias em forma de águas profundamente curativas e regeneradas pela força do amor.
E então, aquele coração triste, amargurado, ferido, que vociferava nos quatro cantos do mundo, assuntando a todos com seus gritos horripilantes e que carregava toda a dor, todo o ódio e toda maldade humana se viu rendido pelo olhar amoroso e gentil daquela humilde criatura que ouvindo o chamado do Grande Espírito, pode servir de forma tão generosa e ao mesmo tempo tão humilde, tão entregue, tão confiante na força do amor.
E assim, a Corsa, abriu caminho para que todas as criaturas pudessem a seu exemplo, confiar no chamado do Grande Espírito e pudessem beber das águas dos rios, que descem das entranhas da montanha, que comovidas com a gentileza de tão humilde criatura, ofertaram seus mistérios sagrados à serviço do Dom da Vida e da Força do Amor por todas as Criaturas.
Por Cida Medeiros
Sábado, 18 de julho de 2009 às 13:56m