Colégio Internacional dos Terapeutas - CIT, sob a orientação de seu mentor, Jean-Yves Leloup, foi fundado em 1992, tendo como sede, no Brasil, a Rede Internacional UNIPAZ. Inspira-se na tradição dos Terapeutas do Deserto, aos quais nos reportou Philon de Alexandria, fornecendo-nos o formidável e ancestral testemunho de uma proto abordagem holística, que não separa, no ser humano, o que a própria Vida uniu: o corpo, a psique, a consciência e a essência.
A partir de uma visão de ecologia profunda, e de uma definição de saúde como um estado de bem estar psicossomático, social, ambiental e cósmico, postulada pela Organização Mundial de Saúde, três categorias de terapeutas são reconhecidas: a clínica - reservada aos profissionais clínicos habilitados, como médicos, psiquiatras e psicólogos; a social - reservada aos profissionais que cuidam do social, como educadores, empresários, engenheiros, arquitetos, artistas, políticos, cientistas, sacerdotes etc; a ambiental - reservada aos cuidadores do meio-ambiente, como biólogos, ecólogos, teólogos, engenheiros florestais, entre outros.
O Colégio Internacional de Terapeutas reúne homens e mulheres que tentam sair do longo sono do esquecimento do Ser. O Ser que está em tudo o que vive ou respira e do qual temos que cuidar, da mesma maneira como os Terapeutas de Alexandria fizeram há cerca de dois mil anos – eles definiam o seu trabalho como sendo o de Cuidar do Ser.
Um sábio chinês que Jung amava muito dizia: “Um instrumento justo nas mãos de um homem que não é justo, tem efeitos injustos”. Como terapeutas, conhecemos muitos instrumentos justos tais como práticas, técnicas e teorias. E as mensagens que nos foram transmitidas pelos livros sagrados são igualmente justas e belas. Mas homens e mulheres, algumas vezes, serviram-se tanto dos instrumentos quanto das mensagens para promover guerras, para se destruírem, para se tornarem doentes. Por isso o Colégio de Terapeutas insiste menos sobre a qualidade dos instrumentos e mais sobre a qualidade da pessoa que os emprega.
O Colégio de Terapeutas não é uma instituição, uma igreja ou uma associação a mais. Seus membros têm em comum uma antropologia, uma imagem aberta do homem que respeita os diferentes elementos que o constituem: a dimensão material, a dimensão psíquica, a dimensão noética ou imaginal e a dimensão pneumática.
A dimensão noética, a abertura do composto humano à transcendência é mais difícil de apreender. Esta transcendência, no sentido intermediário do termo, não é ainda o mundo espiritual, é o mundo dos arquétipos, dos símbolos e é também o mundo dos anjos, o plano dos seres intermediários. Na antropologia materialista estes planos do ser não são levados em consideração.
A dimensão pneumática é a dimensão propriamente espiritual e divina que habita o ser humano. Ela se situa além do mundo noético, imaginal. É o mundo da Clara Luz e do Puro Silêncio.
Cuidar do Ser é cuidar de todas estas dimensões no ser humano. Portanto, o terapeuta deveria ser, ao mesmo tempo, um médico que cuida do corpo, um psicólogo atento ao movimento da alma e do psiquismo e também um contemplativo, que medita e está atento à dimensão secreta do ser humano. Ele sabe que não está só sobre a terra e que a colaboração dos mundos intermediários pode ser benéfica para a humanidade.
Finalmente, o terapeuta deveria ser, também, um ser de silêncio que tem a consciência do mistério e do desconhecido que habita todas as coisas. É muito para um ser humano... Haverá uma formação adequada para atingir uma tal plenitude?
Por outro lado, esta visão do ser humano é uma utopia, um sonho, algo que deverá tornar-se, um vir-a-ser. O ser humano ainda não existe. Há entre nós alguns animais inteligentes, mais ainda não há, verdadeiramente, seres humanos. Há alguns animais que estão tecnicamente assistidos, com toda espécie de próteses cada vez mais sofisticadas, mas é muito raro encontrarmos um ser humano em sua inteireza.
Se sou o único a sonhar com uma mudança possível do homem, com uma mudança possível da sociedade, posso dizer que sonho. Mas se somos alguns a sonhar com uma mudança possível do homem e com uma evolução possível do mundo, esse sonho passa a ser o começo de uma realidade. Assim é o Colégio de Terapeutas: o começo desta realidade.
Além de uma antropologia, os membros do colégio compartilham uma ética centrada no respeito, práticas de meditação e de estudo além de outras, perfazendo dez orientações as quais têm por finalidade cuidar do Ser em cada pessoa e sobretudo, do Ser na pessoa do terapeuta.
Fonte:
Unipaz RJ