Bem Vindo ao Blog Cida Medeiros! Caleidoscópio do Saber com Cida Medeiros: Aquele Menino Quieto na Rodinha: O Que Pikler e Fröbel Nos Ensinam Sobre Respeitar o Tempo das Crianças

Aquele Menino Quieto na Rodinha: O Que Pikler e Fröbel Nos Ensinam Sobre Respeitar o Tempo das Crianças



Sabe aquela cena? Crianças reunidas, cantando, brincando, e no meio delas, ou talvez um pouco à parte, um pequeno ser observando tudo com seus próprios olhos. Foi exatamente isso que aconteceu em uma sala de aula inspirada em duas grandes mentes da educação infantil: Emmi Pikler e Friedrich Fröbel.

Aquele menino, inicialmente distante do grupo, não acompanhava as brincadeiras como os outros. Mas a beleza da proposta pedagógica da escola, que valoriza a autonomia, logo se revelou. Ele foi ao banheiro sozinho, um pequeno ato que fala muito sobre confiança e independência, não é mesmo? E lá estava ele, observando os colegas, no seu próprio ritmo.

A professora, atenta e sensível, percebeu o momento e fez um convite simples: "Você gostaria de sentar aqui pertinho de mim?". A resposta veio naturalmente, um "sim" que abriu espaço para uma nova experiência. Mas o menino permaneceu quieto, com o dedinho na boca em alguns momentos. E sabe o que é mais interessante? Que essa cena, aparentemente comum, nos ensina muito sobre como Pikler e Fröbel entendiam o desenvolvimento infantil.


Para Pikler, aquele tempo sozinho, observando, era uma demonstração de autonomia e respeito pelo próprio ritmo da criança. Ela acreditava que os pequenos são capazes de se autorregular e se engajar quando se sentem realmente prontos . Ir ao banheiro sozinho? Uma baita demonstração de autoconfiança e capacidade! E a professora, ao oferecer um espaço sem forçar a barra, agiu exatamente como Pikler defendia: um adulto observador e respeitoso .   

Já Fröbel, o criador do jardim de infância, via nesse momento de observação uma etapa importante antes da criança se sentir à vontade para participar ativamente . Aquele convite da professora para sentar ao lado? Uma forma de oferecer um ponto de conexão social, algo que Fröbel valorizava muito. E mesmo quietinho, o menino estava internalizando a experiência, processando tudo ao seu redor.   

O que Pikler e Fröbel nos mostram, com suas diferentes perspectivas que se complementam, é a importância de olhar para cada criança como um indivíduo único, com seu próprio tempo e suas próprias necessidades. Em vez de forçar a participação, a escola ofereceu um ambiente onde a autonomia era respeitada e o acolhimento acontecia de forma natural.

Que reflexão valiosa para nós, estudantes de psicologia, terapeutas, pais e educadores, não é mesmo? Às vezes, o "ficar quieto" de uma criança não é passividade, mas sim um momento de internalização e preparação para o mundo ao seu redor.

Referências:

DAVID, M.; APPELL, G. Perspectives on infant mental health. Brunner-Routledge, 2001. 

BRUCE, T. Froebel's principles and practice today. 


Froebel Trust, 2015. STORYKATE. Pickler's approach explained simply for early childhood eductors. Disponível em: https://storykate.com.au/picklers-approach-explained-simply-for-early-childhood-eductors/. Acesso em: 21 mar. 2025.  

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