Ontem, experienciando junto a dificuldade de uma Cliente, entrei em sintonia com esses ensinamentos que compartilho aqui com vocês:
O Deserto pode ser totalmente desprovido de qualquer sentido, o que leva a pessoa ao desespero e ao sofrimento.
O Deserto interior é aquele sentimento de desamparo, de aridez interna, de não ver saída, de não enxergar horizontes, de não sentir a vida, de estar perdido e sem direção, muitas vezes com sede, com fome e só.
Mais o Terapeuta que possui uma Antropologia unida a dimensão espiritual, permite um pleno desenvolvimento e conecta seu cliente nessa dimensão. A dimensão do Sopro.
Os acontecimentos são o que são, o que muda é o sentido, e que permite realizar uma arte, a Arte da Interpretação, dos eventos e dos fenômenos que acontecem.
Por isso, Yves Leloup, diz que o efeito dessa arte pode conduzir o melhor ou o pior, de acordo com o sentido que se dá ao sofrimento.
O Terapeuta em sintonia com o Ser é profundamente amoroso. Conduz o outro a experimentar essa dimensão do amor, do cuidado, do acolhimento, ele vai junto pelo deserto e ajuda a fazer a travessia.
Não nega o fato. Ajuda a pessoa a encarar a realidade. Do que vê, e do que não vê...
Pois compreende que o deserto é uma passagem, é aquele momento que a despeito de tudo, temos uma chave, uma imagem da fonte, um caminho, uma travessia, ...bem no final...a esperança...que acende a fé...que antecipa a fonte. A fonte que jorra, sasseia a sede, nutre, preenche e dá força. Encoraja a seguir a diante...passo por passo...com fé e determinação...
É o Maná que brota dentro.
O deserto comum é árido, seco, desprovido de qualquer sentido.
O Deserto Iniciático é permeado pelo Sopro, isto é, pela dimensão espiritual. Cuidar do Ser é cuidar dessa dimensão saudável que nos habita. É cuidar do que não é doente em nós. Reorientar o desejo, observando-o, ouvindo-o, compreendendo, levá-lo ao essencial.
Esse tempo ruim interno, é uma passagem iniciática, um simbolo de crescimento espiritual, um convite a interiorização.
Temos que aprender a vencer os nossos desertos, com orientação, com sentido, com a dimensão do Ser...conectar-se com o Essencial, conhecer os que nos habita...enfrentar os monstros...enfrentar o desconhecido...vencer a si mesmo.
É uma lição de maturidade, de vida, de crescimento interior.
Tudo passa e passa dentro.
Não existe fora...
Mais quando o fora existe...ele só existe porque a pessoa está distante do seu centro, está descentrado...longe do seu centro interno de força...está na margem...está perdido, esta agarrado pela Matrix, pelo fora...desconectada...precisando de ajuda...
A pessoa precisa ser reorientada para dentro...
Existe um percepção do 'fora" que acontece desde de dentro de sí mesmo, que na maioria é um lugar assustador, que dá medo, que é permeado por um sentido de punição, de negatividade, de destruição, de desconhecido, aliado a crenças, memórias, lembranças, e vivências que para muitos é atemorizante...e uma forma de ver o mundo que faz com que reagimos a tudo que se apresenta de forma reativa, impulsiva...impensada...destrutiva...
Não dialogamos com os fatos.
Somos incapazes de responder com sensatez...
Evocar a Presença, cuidar do Ser, resgatar os valores que orientam e desenvolvem a vida.
Tirá-lo do deserto árido e ancorá-lo em outra dimensão...
A dimensão que dá sentido.
É chamar o Ser que É, sobre aquele que vem até nós em busca de uma orientação, de uma luz, de um farol, onde sua bussola interna está afetada pelo peso dos choques, das dores, dos acontecimentos traumáticos, está turva, necessita de clareza para tirar o que não serve e fazer emergir sua função essencial.
É reorientá-lo, cuidar do Ser, das imagens, do sentido, das várias dimensões , corpo, mente e espirito e permitir que a Natureza cure, devolvendo a funcionalidade do seu Sentido de direção e conexão com "algo maior".
É chamá-lo para religá-lo a Fonte da Vida.
Ele está no deserto de si mesmo, desamparado por sua dor, perdido em seu sofrimento. Religá-lo a fonte do Ser é ajudá-lo a cavar em seu deserto interior uma passagem que o liga a Fonte da Vida.
É evocar as imagens e arquétipos que o ajudam na travessia.
É desemaranhar o que vem dos ancestrais...
É encorajá-lo a seguir adiante.
A enfrentar sua dor.
Inspirar a Presença no outro é dar ao outro a Dimensão Noética do Deserto Iniciático.
Aquele que então, consegue receber uma força, para seguir adiante, e encontrar o melhor de si mesmo, vê o deserto, experiencia com coragem, não teme, regasta o sentido, e reorienta sua ação.
Cida Medeiros.
Terapeuta Sistêmica e a escuta do Ser.
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