A dor da alma, o destino e a necessidade.
Eros nasceu do Caos, e isto indica que de todo momento caótico pode nascer a criatividade, a iluminação.
O sofrimento em nossa história está ligado de certo modo à iniciação, à mudança da estrutura da consciência.
O amor traz consigo um despertar e um engendrar da alma, de um encontro com a luz do Espírito.
Das nossas feridas flui o amor, pois o amor flui mais facilmente na vulnerabilidade e na carência que a necessidade impôem de mudança, de transformação, nos obrigando a olhar para dentro e "cuidar-se",
cuidando do outro. Este olhar para mim, é o olhar no mim do espelho do outro, que nos leva em direção ao amor, a parceria e a união.
"O despertar da alma é um processo no belo. Isto implica que os critérios da estética - unidade, linha, ritmo, tensão, elegância - podem ser transposto para a psique, oferecendo-nos um novo conjunto de
qualidades para apreciar", e para trocar.O amor chama a alma, para a beleza da entrega e da plenitude do viver.
O momento mais doloroso para a alma, é aquele que desafia sua capacidade de suportar e entrar em contato com seus aspectos sombrios, com suas partes inaceitáveis; é uma tarefa difícil e complicada porque
afeta a auto-imagem, a auto-estima e obriga-nos a ser capaz de abandonar a persona defensiva.
O processo de individuação, o encontro com o eu verdadeiro é um processo."O resgate do eu projetado e o reconhecimento dos aspectos subdesenvolvidos sombrios deveriam ser assimilados e integrados à
consciência para o fortalecimento da personalidade". (1)
Quando olhamos para nosso "eu" escuro e nos reconhecemos nele, sem culpa, sem vergonha, então, é possível entrar em contato com a nossa beleza interior que nos é revelada no outro.
Reconhecer-se no rosto feio, transfigurado pela dor do abandono, escuro pelo ódio, pela violência da fúria insana é uma maneira de nos dar amor, de valorizar nosso mundo interno com uma nova compreensão do
nosso processo de crescimento.
O processo evolutivo da alma passa por este caminho, aqui é o ponto de entrada para todos os outros níveis de percepção e de consciência.
A humildade toma conta do coração, neste momento compreendemos que não devemos julgar condenar, punir os outros que sofrem a dor da inconsciência e da separação. Só assim, será possível sentir a
misericórdia e a compaixão pelo outro, que se debate nas garras da sua escuridão.
Assim, será possível ser livre para assumir os poderes (lições, dons e talentos) e assumir a direção do nosso destino, fazer escolhas e tomar decisões iluminadas com a luz do Espírito da Divina Presença.
Este é o caminho para o Um, para o Todo; quebramos velhões padrões de comportamentos que isolam, separam no egoísmo e no individualismo, assumimos o Poder Divino da Chama Eterna em nossos corações.
Percebemos nosso desejo de destruir e neste momento, tomamos consciência da nossa brutalidade. O ódio nasce da frustração, da tristeza,e da revolta contra a vida, contra si mesmo. Existem almas que não aceitam a vida como ela é. A nossa criança interior não sabe lidar com a solidão, desamparo, inveja, fúria, com o ódio; possivelmente houve um momento da nossa vida que perdemos parte da nossa pureza e inocência. A depressão é o ódio que se volta contra si mesmo, é uma energia internalizada contra o corpo, contra a vida e revela-se em sintomas, doenças e atitudes agressivas contra aqueles que amamos.
A culpa e o medo da punição, trazem muitos conflitos para todos que vivem no sangue e na alma a agitação da agressividade e do ódio. O inferno mora dentro da nossa mente. Sabemos que somos perigosos, e não
sabemos como sair deste labirinto.
Muitos vivem o mito o minotauro encarcerado dentro de si mesmo, sem saída. A inveja nos domina, e a fúria aumenta diante da impotência e do desamparo. O minotauro chora de dor, sua ferida sangra; uiva como um lobo de raiva, sente solidão, ódio, vontade de matar e de morrer; e muitas vezes atrai vítimas para seu mundo para destruí-las. Dizem, que o seu destino é ser o minotauro na vida dos "inocentes e puros de
coração".
Quando o ódio domina a nossa vida, estamos separados da Alma Divina, do Espírito e da unidade. Não há esperança de dias melhores, sabemos no fundo que a adversidade mora dentro da gente, que o nosso maior
obstáculo é o nosso jeito de ser. A solidão é avassaladora, e o prazer de destruir, da morte, substitui o prazer da vida, da união e da fraternidade. No fundo perdemos nossas referências com o mundo do
belo, da harmonia e união.
Muitos estão vivendo o mito pessoal que direciona o seu destino para a destruição, para ambientes e pessoas que estão dentro do "filme, da estória da sua vida" como protagonista, criam cenários e situações
onde a violência e o ódio são dominantes. "Vivemos uma constelação de crenças, sentimentos e imagens organizada em torno de um tema central". Repetimos nossos padrões de comportamentos, em um círculo
vicioso que muda somente o cenário, o lugar e as pessoas envolvidas no tema central.
A nossa carência toca nossos infernos eternos (mente, pensamentos), afeta nossa loucura e insanidade, que leva a gente a não suportar a vida como ela é. A dor que sangra na humilhação da carência nos ensina
que a humildade nos levará para receber e a dar ajuda, tratamento, e amparo.
No fundo, as pessoas agressivas são guerreiras, líderes, com uma grande capacidade de investir sua energia na vitória, e podem estar no lugar errado, nunca lhe ouviram ou teve oportunidade de investir esta
energia em uma causa onde pudesse ser reconhecido e consagrado publicamente. Muitas vezes, a alma está revoltada por não ter tido oportunidade na vida, de se tornar uma pessoa melhor; nunca encontrou
um continente, uma aceitação incondicional, capaz de transformar e provocar mudanças.
Somos cegos, não percebemos que admiramos, e temos inveja e raiva do outro, dos seus dons e de tudo que ele é; idealizamos no outro aquilo que possuimos, mas não reconhecemos como nosso. Projetamos no outros, nossas qualidades e nos sentimos inferiores, pobres de espírito, menores, apagados, pobres, carentes, necessitados. Então, compensamos com a raiva furiosa do onipotente, do arrogante, que traz consigo uma criança ferida, um adolescente atormentado. A raiva é uma manifestação do medo da morte - de matar ou de ser morto...
A raiva que agride sem medidas, sem pensar nas consequências, sinaliza para a falta de limites, da internalização da lei estabelecida (cultura, do social, do pai); que nos ensina a viver com as medidas e
com respeito ao próximo, com a empatiae compaixão. Os valores, a ética, a tolerância e aceitação do outro como ele é, são "aprendidos" e internalizados na infância e na adolescência. Se não aprendemos a
viver com nossos pais, com a nossa comunidade, amigos e cultura, então é muito difícil encontrar um lugar na sociedade, no casamento, nas relações sociais, no mundo. Muito param de lutar, a auto-estima cai e
se entregam ao crime, às drogas, à bebida e sentem que o seu destino é a morte ou a cadeia.
A vida configura nossos papéis, nosso lugar no mundo.?!
Nossos pensamentos, nossa personalidade, nosso universo familiar, e individual tece nosso jeito de ser, nosso padrões e crenças, até que a consciência possa olhar para o "eu' com amor, no "eu do outro".
Enquanto estivermos cegos e insensíveis para a realidade do outro, para a dor do outro, voltados para nossa dor estaremos presos no espelho cruel do narcisismo que mata a gente de fome de amor, não há
relacionamento, troca, afeto com o outro...
O Sentimento de ódio normalmente é um sentimento inaceitável como nosso. Sempre é tido como vindo de fora, causado por outrem, ou projetado em alguém ou algo exterior. "Se nós praticamos o caminho do
meio, ou seja, percebemos que o ódio é nosso, e que dentro de nós tem ódio inconsciente, sentindo o nosso proprio ódio, no instante que ele aflora." O caminho do meio é o do observador do ódio, da fúria,
permite que ela venha e vá, como chegou e sabe que tudo é maya, tudo é impermanente; tudo isto que vivemos é o inferno da mente e que o Verdadeiro Eu permanece , no Eu Sou o que Sou.
O caminho do meio ensina que devemos aceitar, abraçar o ódio , sua dor, com muito amor. e, quando ele vier, permita que ele venha e aceite sua fúria, como observadora. Quem observa é o verdadeiro Eu
Divino, sua Divina Presença, Eu sou, seu Buda interior.
"Aquele que olha-se embevecido na reflexão de si mesmo e no reflexo do outro que o reflete e o faz ver sua condição de ser finito, num mundo infinito do qual está apartado. O reflexo o chama à reflexão, o olhar
para si mesmo,o que o fere produzindo nova divisão em seu ser já arrancado do mundo".
"O ser que reflete sobre seu próprio ser e se sente dividido em duas igualdades. O outro terá sempre o papel psicológico de espelho. O homem estárá sendo refletido pelo outro, em qualquer momento da vida.
E este espelhamento cria nova oportunidade de auto-reflexão. O homem e o mundo estão num eterno diálogo em que um reflete o outro".
"O episódio do reflexo sintetiza o ato de conhecimento. Narciso conhece a si mesmo e ao outro, e assim marca a sua diferenciação do mundo".
Caros amigos que leram este texto, até aqui. Agradeço do fundo do nosso coração a luz do Espírito Santo sobre a minha cabeça. Senti e fiquei muito emocionada, ele desceu para nós e por nós. Senti um
infinito amor do Um, voltado para nós que estamos embriagados no sono da ignorância. Que a compaixão divina nos ilumine com a misericódia da tolerância e da solidariedade. Este estilo de escrever é muito
"complicado, difícil" para mim. Não faço uma revisão profunda, sou muito elétrica para isto... Então, me perdoe os erros...Este trabalho envolveu pesquisa e reflexão com vários autores. Pretendo continuar no
caminho da astrologia, nossa raiva e energia para o combate e o entusiasmo, pertence à Marte e nossas feridas à Quiron...
Sou uma poetisa, apaixonada pelo amor e pela vida. É lá... que eu posso voar livre no mundo dos sonhos e da fantasias.
Pretendo continuar este tema, o amor é amor sempre...
Estou aprendendo a escrever, porque amo você.
Aproveito a oportunidade para pedir livros de Joshua David Stone,
nunca vi na internet...
Eu Sou Dharma Dhannyá. 19/01/2007
1 . Raissa Cavalcanti. O mito de Narciso O herói da Consciencia.
Editora cultrix 1992, São Paulo.
2. Resende Maria,rosa. Autocura Tãntrica. O cainho da Iluminação.
( meu livro mestre)
3. Reinhart Melanie. Quíron e a Jornada em busca da Cura. Uma
perspectiva astrológica e psicológica. 1993. Rocco. Rio de Janeiro.
4. Hilman James. O Mito da análise. Três ensaios de psicologia
arquetípica.1984. Editora Paz e Terra.
Sams. As Cartas do Caminho Sagrado. A descoberta do ser através dos
ensinamentos dos índios norte-americanos. 1996. Editora Rocco. Rio de
janeiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Bem vindo! Deixe aqui seu comentário.