Mas a mente é poderosa. Ela derrota essa simplicidade, dá força à razão e ergue muralhas enormes e complexas que dificultam o viver. Os pensamentos criam como neuroses – esses padrões rígidos que, como Carl Jung descreveu em O Eu e o Inconsciente (1928), nascem das sombras do nosso inconsciente e se tornam monstros que nos atormentam e ferem a cada passo. O neurocientista Bessel van der Kolk, em O Corpo Guarda as Marcas (2014), vai além: ele mostra como esses padrões mentais repetitivos gravam-se no corpo e na alma, desconectando-nos da leveza natural do ser e gerando um peso que carregamos sem perceber.
Esses monstros internos destroem o belo e nos privam de viver cada instante como uma oportunidade cósmica de intimidar com a vida interior, ligada à inteligência suprema e universal que se irradia onde quer que nos desfrutemos. David Bohm, físico e filósofo, em sua teoria do Universo Implícito (1980), sugere que essa inteligência cósmica é uma ordem subjacente que permeia tudo – uma energia que está fora e, ao mesmo tempo, no âmago do nosso ser, aquela parte iluminada que todo ser carrega dentro de si.
Quando essa energia atravessa os destroços ou o lixo do nosso mundo interior, a harmonia e a paz se fazem presentes. O encontro de energias afins nos brinda com a sensação de unidade com o princípio da vida. O motivo de tudo, acredito, é a universalidade do infinito – sem ela, a vida perde o sentido para qualquer um. Conviver com o vazio existencial é doloroso e triste.
Entristece-me ver pessoas desconectadas dessa energia, interior e exterior, entregues ao autoflagelo, à autodestruição e a um endeusamento sem limites do materialismo selvagem. Somos seres de amor, e o amor – essa porção da energia das profundezas com a qual nem sempre sabemos lidar – transforma, acrescenta, modifica e dá sentido à vida.
No entanto, tudo parece conspirar para que a desarmonia impere. Os valores foram invertidos, a ideologia predominantemente é a da destruição, consciente ou inconsciente, marcada pela superficialidade e pela fuga, até atingir o planeta. O planeta recebe as irradiações dos seres humanos, essas, infelizmente, pendem mais para o mal do que para o bem.
Por que o ser humano não se compromete com a paz? Com a harmonia? Com a inteligência cósmica que Bohm viu? Por que não há felicidade? Por que reina o mal e não o bem? Onde nos perdemos? E por que transformamos o ouro em prata, a prata em ferro, o ferro em chumbo, enfraquecendo todo o nosso potencial de iluminados?
Imagine que existem planetas avançados, habitados por seres de luz intensa e desenvolvimento grandioso. Sinto que essas criaturas, em seu papel no todo universal, irradiam ao nosso planeta uma força sutil, um sopro de esperança para impedir que a destruição se consuma tão depressiva.
- Carl Jung : "Monstros" com referência às neuroses como sombras do inconsciente.
- Bessel van der Kolk : "Padrões Mentais" e a desconexão da simplicidade.
- David Bohm : "inteligência cósmica" à teoria do universo como uma ordem implícita, dando base científica à visão espiritual.
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